sexta-feira, 16 de abril de 2010


Partidas


Na vida, quantas partidas!

Em cada partida uma ferida
Que sangra...que dói
E que arrebenta

A alma solitária que fica.

Na vida tudo é tão fugaz,
Efêmero,
Passageiro.
A chegada e a partida
Andam juntas...
Unidas.

Destruindo um coração
Que jaz.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Vidas secas






VIDAS SECAS



Não resta a menor dúvida de que “O sertanejo é antes de tudo um forte” como já dizia há muito tempo Euclides da Cunha em seu livro “Os sertões”, e isto, podemos perceber claramente, quando assistimos às notícias veiculadas pela televisão e lemos nos jornais locais. Em muitas partes desse Brasil tão grande, já são mais de quatro meses sem cair um pingo de chuva sequer, nas terras escaldantes dos nossos sertões.
Tem que ser muito forte mesmo para agüentar a sede de água. Mas é preciso ser mais forte ainda para suportar a sede de esperança e de dignidade que percebemos no olhar daqueles homens, mulheres e crianças que vemos todos os dias pela televisão. É de cortar o coração, vermos tanta gente com latas de água nas mãos, andando descalça e maltrapilha por muitos e muitos quilômetros, em busca de um pouco de água para matar a sede e muitas vezes, encontrando apenas restos de uma água barrenta no fundo de um poço ou de uma cacimba qualquer. É comovente sim, vermos aqueles olhos tristes e rostos molhados de lágrimas e percebermos que no fundo, aquele não é um choro de humilhação, de resignação ou de tristeza por não ter a água que mata a sede, mas sim, um choro e uma tristeza de quem aceita o seu destino; um pranto de explosão e de vergonha, por se saber abandonado e excluído pelos seus irmão; por que assim - o homem o quer.
E ele, o sol, está sempre ali, marcando presença. Poderoso, forte, indiferente e causticante. Por quanto tempo ainda ficaremos todos nós, assim como o sol, indiferentes a esses nossos irmãos habitantes deste país da exclusão; castigados pela miséria, pela fome e pela sede? Sempre que o desamor, a indiferença e a injustiça se fazem presentes, só o que resta no mundo é isso - a desolação, a fome, a miséria e a morte.
É preciso que a dignidade do sertanejo seja restaurada de alguma maneira. Não só a do sertanejo, mas de todo aquele marginalizado e excluído que tem sede e fome. Faz-se necessário que tomemos consciência de que alguma coisa tem que ser feita por esse povo tão sofrido. É preciso que as autoridades competentes não permitam que os trabalhos pela transposição das águas do Rio São Francisco sejam deixados de lado, mas que ao contrário, essa luta pelas águas do “Velho Chico” sejam prioridade, para melhorar a vida destas milhares de pessoas vencidas pela vida e em constante sede e fome de esperança.
Que a espera pelas águas que matam a sede seja breve, pois, como diz Paulo Freire:
“Mudar é difícil, mas, não é impossível”.